14 de março de 2010

Cap. II - Deja vu? (parte I)


Diamantes flutuantes pairavam sobre as cadeiras. Pontiagudos, afiados, perigosos.
Diamantes.
Esmeraldas reluzentes cobriam as portas. Brilhantes, resplandescentes, ofuscantes.
Esmeraldas.
Quartzos baços ornamentavam os braços das cadeiras. Opacos, esbranquiçados, rosados.
Quartzos.
Pérolas fantásticas espalhadas pelos tapetes. Redondas, belas, valiosas.
Pérolas.

Guilherme estava no meio da sala. Do lado de fora, sabia que o esperavam as mesmas sombras de sempre. Grandes, ameaçadoras, assassinas, e Guilherme estava cansado de morrer, cansado de sonhar com as malditas sombras. Sabia também que mais cedo ou mais tarde iriam aparecer também os espelhos. As sombras começaram a forçar as portas. Três portas. Guilherme chamou por Catarina e ela veio; apareceu ao seu lado e deu-lhe a mão. "Tu és capaz" sorriu ela, e evaporou-se. As portas pareciam prestes a ceder quando os diamantes tiniram. As portas partiram-se e de lá vieram sombras negras enormes, prontas a eliminá-lo mais uma vez. Guilherme sentiu que elas queriam devorá-lo, absorvê-lo. O Mundo dos Sonhos era muito arriscado, e ele sabia que podia fazer o que quisesse desde que se esforçasse, mas não queria perder o controlo. "Controlo? Não tenho controlo nenhum e isso é óbvio" pensou ele, desejando então arranjar uma arma capaz de o defender. Quartzos e esmeraldas saltaram até ele, pérolas rolaram e diamantes desceram, e todos juntos forraram um pedaço de tecido de um tapete. Formaram uma luva que ele prontamente vestiu, e assim que as sombras se lançaram sobre ele, ele defendeu-se. Flamejou punhos que rasgavam as sombras em trapos esfiapados, parava as suas mandíbulas com a mão protegida e pontapeteava as que se aproximavam dos lados. Viu-se rodeado de sombras e mais pedras preciosas caíram, formando mais uma luva, dando-lhe assim mais capacidade. Disparou murros em todas as direcções; já nem se dava ao trabalho de olhar, só queria ganhar. Uma sombra enorme lançou-se sobre a sua cabeça e Guilherme agachou-se, lançando-se depois com ambos os punhos na sua direcção. A sombra soltou uma espécie de grito e as restantes fugiram, batendo nas paredes e nas cadeiras. As paredes racharam e começaram a desfazer-se em areia. Guilherme estava encurralado e sozinho. Então, a areia caiu em cima dele, mas passou através do seu corpo, e Guilherme pôde ver onde estava: num deserto de areia preta.

1 comentário:

  1. hei-las de volta:) as sombras mas tb os sonhos bem ao estilo do fantástico, mais uma curta lolol mas desta vez com cheirinho a romance com as suas pérolas e diamantes eheheh quase quase a la pop lolol é engraçado o cruzamento de 2 estilos que não podiam ser mais diferentes lolololol

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