11 de março de 2010

Cap. I - Guilherme e Catarina


Um Sonhador é quem não teme viver a realidade paralela. Guilherme era assim. Estudava, saía à noite, convivia com a família, praticava ténis e natação, tinha namorada e amigos. Mas à noite, quando ia dormir, sonhava. E não eram sonhos normais. Eram Sonhos em que a sua vida se fundia com a vida do seu "eu" irreal, Sonhos em que ele podia cair, ser atropelado, assaltado, magoado, até mesmo morto, mas quando acabava voltava a acordar. Salvava pessoas, derrotava criaturas estranhas, morria e voltava a morrer, tudo para se conhecer a si mesmo. Era considerado um campeão pelos outros Sonhadores que vagueavam durante a noite, descobrindo-se a si mesmos ou matando-se uns aos outros, mas detestava ser idolatrado; para ele, ser campeão era um estatuto que estava muito longe de alcançar. "Um campeão não se deixa atormentar por criaturas de vidro e sombras sem forma" pensava Guilherme sempre que alguém o aplaudia. Enquanto criança, sentia muito medo de adormecer. O primeiro Sonho que se lembra de ter tido levou-o até um deserto de areia preta infestado de ursos amarelos que o perseguiram até ele acordar. Assim que abriu os olhos, sentiu todo o corpo a latejar e alagado em suor. Correra durante horas, mas mantinha-se na mesma posição em que havia adormecido. Levou naquela noite mais de duas horas até conseguir adormecer novamente, e assim que conseguiu acordava sobressaltado de dois em dois minutos com medo de sonhar outra vez. Mas Guilherme não era mais uma criança; ter medo era coisa do passado. Estudante universitário, vivia numa casa alugada por ele e mais 4 colegas, entre eles a namorada, Catarina. Conheceram-se no primeiro dia de praxe, tal como Guilherme sonhara. Na noite anterior ao primeiro dia de praxes, sonhou que ia conhecer uma amazona de cabelos cor do mar e detentora duma beleza estonteante. Claro que ele não fazia ideia que estava a sonhar com o que ia acontecer no dia seguinte; achou que fosse um capricho da sua mente. Quando se juntou aos seus colegas caloiros, pasmou-se perante a beleza da rapariga do seu lado esquerdo: alta, morena e com madeixas azuis, olhos azuis e verniz azul. Olhou-a das pernas ao cabelo e sentiu o ar ficar espesso dentro do seu peito, apertando o coração fazendo-o bater mais rápido devido à ansiedade. Não levaram duas semanas para começar a namorar e já lá iam dois anos de felicidade, apenas conturbados pelas sempre presentes tentações que os aliciavam a ambos, mas que nunca conseguiram romper o elo que os ligava. Ela sabia que ele Sonhava, e partilhava o mesmo segredo. Mas ela Sonhava apenas quando precisava. Numa situação de crise, deitava-se na cama a reflectir no assunto até adormecer, e quando acordava o assunto estava resolvido, ou prestes a sê-lo. Não Sonhava à seis meses e esse era o único sinal que indicava que estava tudo bem consigo mesma. Já Guilherme... Sonhava noite sim, noite não, e por vezes acordava mais cansado que quando se deitara. Ultimamente, Sonhava sempre com o mesmo: vidros e sombras. Quando morria, a realidade de Catarina acordava-o. Era amor.

2 comentários:

  1. lolol todo romântico este não eheheh

    um layout a respeitar o conceito lol mto bem:) so deitava fora os sombreados na tipografia [títulos e isso..]

    eu tb ajudei nao ajudei?? eheheheheh

    continua lol

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  2. amazonas. praxe. pessoas que sonham. :)

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