25 de março de 2010

Cap. VII - Confronto


"-O beco é um sítio... invulgar. Não te admires se coisas estranhas - mais estranhas que o normal - acontecerem, mesmo à tua frente. Concentra-te apenas no nosso objectivo e deixa o resto connosco."
Catarina olhou para Rodrigo. Conhecia-o desde que começara o namoro com Guilherme, e tinha por ele um grande respeito. Não sabia bem se o respeitava pela forte amizade que o unia ao seu namorado, se pelo facto de se parecer muito com o seu pai, em termos de personalidade e carácter. Nunca deixara de achar fantástico que o facto de um rapaz tão meigo e simpático pudesse ter uma habilidade tão agressiva. Rodrigo derrotava qualquer animal, pessoa ou ser que o atacasse, ao se tornar de tal forma violento que poderia destruir qualquer coisa com apenas um golpe. A essa habilidade era dado o nome de "Rasga-Espíritos", e Rodrigo era apenas o segundo Sonhador conhecido que mostrava saber usá-la.
"-Sem problema. Deixem comigo, eu vou encontrá-lo."
Passou por ele e por Guilherme e pôs-se mesmo em frente à névoa. Baixou a cabeça e concentrou-se no gato. Sabia que provavelmente estaria no beco, mas não tinha a certeza. Lembrou-se de outras vezes em que usara a sua habilidade, "Busca-Almas", e como isso tinha funcionado tão bem. Excepto quando tentou encontrar a sua amiga, Diana. Aí, deparara-se primeiro com duas raparigas apenas parecidas com ela. A visão de tal situação era horrível... A rapariga pendurada sobre a abertura do vulcão parecia estar a sofrer horrores, e no entanto a outra não fazia nada para além de rir e chorar, simultaneamente.
Abriu os olhos e começou a ver de novo o beco, mas um pouco diferente. Desta vez emanava tanto calor que Catarina teve que franzir os olhos. Fez sinal para que a seguissem e sentiu Guilherme a pôr-lhe a mão no ombro. Já tinha as luvas preciosas postas, e a sua alma estava determinada a derrotar o que quer que os atacasse. Passaram pela névoa, que entretanto ficara avermelhada, e chegaram ao beco. Desta vez, estava mais iluminado e puderam ver uma placa suspensa no ar, escrita com o que deveria ser o nome daquele sítio. "Beco da Estrela". Catarina pensou automaticamente no Sombra com olhos estrelados, e no medo que este lhe inspirava.
De repente, uma mulher com um vestido azul escuro e cabelos longos e negros, passou ao fundo do beco. Guilherme passou pela namorada como uma flecha para alcançar a mulher, virou a esquina e desapareceu. Catarina seguiu Rodrigo, que se adiantou, viraram para o mesmo sítio que Guilherme e pararam.
"-O que é isto?", perguntou ela, estarrecida.
Estavam em frente a um rio, e travava-se uma luta em cima da água. Ele atacava e a mulher esquivava-se, fazendo com que ele voltasse à carga.
"-Ela não é humana. Sentiste isso, certo?"
"-Claro que sim, mas... Eles estão a lutar em cima de água."
Rodrigo sorriu.
"-Eu avisei que era provável que víssemos coisas demasiado estranhas...". Parou de falar, e Catarina olhou para ele. Estava a olhar em frente, mas não para o amigo e a mulher. Mais além. Ela seguiu-lhe o olhar e sentiu a ansiedade a crescer, juntamente com o medo. Na outra margem, uma sombra com olhos brilhantes fitava-os.
Viram a sombra disparar em direcção ao céu, e descer até aterrar à frente deles. No momento seguinte, Rodrigo agarrou o Sombra pelo pescoço e atirou-o ao chão.
"-VAI!"
Catarina ia voltar para o beco a correr, mas assim que deu dois passos, tropeçou e caiu. Olhou e deparou-se com um gato de pêlo afiado, assanhado contra o Sombra. No rio, Guilherme acabara de desferir um golpe de tal magnitude que acabara de desfazer a mulher em trapos. Ela começou a afundar-se, e ele desatou a correr para ajudar o amigo. Assim que chegou lá, teve que se desviar de centenas de agulhas que voaram em direcção a ele. Quando olhou, Catarina estava atrás de um homem com roupas prateadas, parecidas com verdadeiro pêlo, mas cobertas de milhares de finas agulhas, todas elas direccionadas para a luta que estava a decorrer mesmo à sua frente.
Rodrigo lutava com o Sombra, de igual para igual. Ambos usavam vários tipos de luta para ganhar vantagem, mas em vão. Era como lutar contra o reflexo de um espelho. Espelhos... Mais agulhas foram disparadas contra o Sombra, e ele desviou-se.
"-Catarina", disse Guilherme, dando-lhe a mão, "tens que fugir daqui com ele. Eu sei como derrotá-lo, mas vocês não podem estar por perto."
"-Eu fico contigo".
Guilherme olhou para o homem-gato. Sentia que podia confiar nele, e aceitou a oferta.
"-Vai e leva o Rodrigo, eu fico com o...".
"-Toga" completou ela.
Guilherme sorriu.
"-É A MINHA VEZ", e acelerou em direcção ao Sombra. Rodrigo desviou-se e Guilherme começou a luta. Catarina agarrou no braço do amigo, passou pelo homem-gato e disse "-Ajuda-o", e entrou no beco.
Toga saltou, gritou "Ei!" e flamejou agulhas para cima de ambos os lutadores. Completa a distracção, Guilherme recuou com um salto, entrelaçou as mãos e correu contra o inimigo. Assim que chegou, o Sombra desapareceu. Toga aterrou com a graciosidade de um gato. "-Assim nunca vais conseguir derrotá-lo. Agora sai daqui, já aconteceu demais para uma só noite". E desapareceu também. Agradecendo mentalmente, Guilherme dirigiu-se ao beco. Parou mesmo antes de entrar para observar duas meninas que brincavam no meio da rua. Uma fazia o pino sobre um buraco vermelho, e a outra sorria e pulava em redor.
"Não há nada como ser criança", e virou costas, sem reparar na lava que começara a encher o buraco, consumindo os braços da menina que fazia o pino.

4 comentários:

  1. something new!!

    não tenho comentários eheheheh

    só me interessava mesmo saber é quem são estas meninas que andam por aí aos pinotes lololol

    ;)

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  2. something new!!

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