6 de janeiro de 2011

Chapter IV - "Savior Or Servant?"

Mário dava voltas e mais voltas na cama.
Estava numa planície. O vento forte e quente quase o sufocava; suava em bico e tremia, não sabia bem porquê, mas também não importava. Sentia que devia correr em direcção ao vale; havia algo a fazer. Começou a correr, sem nunca olhar para trás, embora tivesse a sensação de estar a ser perseguido. Estar ali fazia-o sentir-se rápido. Muito rápido. Correu durante uns minutos e depressa alcançou o objectivo. Parou e olhou em volta. Leoas e lobos andavam por ali, banhando-se no luar eterno daquela planície. A esfera amarelada brilhava lá no alto, rodeada por milhares de pequenos pontos brilhantes, e era comum ver viajar naquele céu estrelas cadentes. Voltou a sua atenção para o bosque que se erguia e parecia subir pelo outro lado do vale até ao horizonte. Mais uma vez, um apelo intuitivo. Começou a andar lentamente, parando mesmo antes de penetrar o bosque para fazer uma vénia a três leoas com o dobro do tamanho normal que, há muito tempo atrás, lhe disseram mentalmente que deveria sempre mostrar respeito por aquele lugar ou seria comido vivo. Após o olhar permissivo das três, entrou no bosque e recomeçou a correr. Sentia pressa, ansiedade. Corria cada vez mais rápido, desviando-se das árvores com agilidade e destreza. Estava a chegar; sentia-o. E a sua velocidade era tal que quase se sentia voar... Talvez mais um pouco... E de repente parou. Ali estava, uma grande quantidade de nevoeiro branco. Olhou para o chão e viu pequenas borboletas cor de prata. Mortas. À volta da neblina, duas leoas, uma de cada lado, aproximaram-se dele com os olhos a faiscar. Pôs rapidamente um joelho no chão, como se estivesse na presença de uma rainha, e esperou. A longa cauda de uma delas tocou-lhe na testa, e "falou-lhe".
"- Deves salvar a pessoa que está no fundo desta lagoa. Não deves temer que te aconteça o que está a acontecer com ela: estarás protegido pelas nossas almas. Mas se não a salvares, o mesmo destino se abaterá sobre ti, e nem mesmo a nossa protecção te salvará.".
Mário abriu os olhos. Levantou-se, respirou fundo e saltou.

A água estava quente. Parecia ferver, mas não queimava. Começou a nadar cada vez mais fundo até que a água se começou a tornar vermelha. Vislumbrou algo no fundo; alguém. Foi ao seu encontro, e algas negras apareceram à sua volta. Não lhe tocaram, mas teve a sensação que estavam à espera de algo para o agarrar. Quando estava a aproximar-se, outra pessoa apareceu no fundo... Mas esta era diferente. Estava nua, pálida, morta. A rapariga que estava presa começou a parar de se debater, e a outra a erguer os braços. E de repente ele percebeu. Alcançou-as e puxou a jovem emaranhada nas algas pretas. Nadou o mais que pode, mas era muito peso. Imaginou-se a correr pelo bosque, a fugir de algo ou alguém.
Atingiu a superfície. A rapariga estava inconsciente e ele estava exausto. Puxou-a para fora e tentou reanimá-la. Nada. Insistiu durante dez minutos, observado pelas duas leoas, até que ela começou a espirrar água e a tremer de frio. Olhou para cima a agradecer aos céus, mas não via nada através daquela neblina. Apenas uma coisa importava: estavam salvos.

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