2 de abril de 2010

Cap. IX - Escada


O hall de entrada não tinha nada para além de uma cadeira raquítica de frente para a porta, e um castiçal de parede com uma vela apagada. A pouca luz que passava através da janela chocava contra a cortina escura, dando ao hall um aspecto sombrio. Catarina avançou para lá da velha cadeira e observou o corredor. Teias nos cantos das paredes, um tecto sem candeeiros e pintado de verde amarelado. O corredor era comprido e tinha portas e mais portas de ambos os lados. Ao fundo, uma escadaria em caracol alcançava o primeiro andar. Avançando, cada porta lhe transmitia uma sensaçao diferente. Alegria, medo, inocência, ansiedade, terror, loucura. Achando mais prudente não entrar em nenhuma divisão, chegou às escadas e olhou para cima. Tudo escuro, era como se a meio houvesse um lençol negro que não lhe permitia ver o que se seguia. Ouviu o miado. Inspirando coragem, começou a subir os degraus de pedra, e assim que alcançou a escuridão, susteve a respiração, e continuou. Abriu os olhos e deparou-se com um espaço completamente diferente daquilo que pensara poder encontrar.
Estava num amplo espaço de pedra que a fazia pensar em masmorras de um qualquer distante castelo. As paredes gastas e esburacadas estendiam-se ao longo de muitos metros quadrados, e não se percebia bem de onde vinha a luz. Parecia emanar do ar em si, das pedras, dela mesma. Subiu o último degrau e deu dois passos em frente. À sua direita, duas dúzias de degraus convidavam-na a visitar o patamar inferior. Outro miado. Vinha de baixo, e sem pensar, Catarina desceu rapidamente a escadaria de pedra velha. Chegando lá abaixo, varreu a área com o olhar, em busca do gato. Dirigiu-se a uma zona mais alta, rodeada de ferros pontiagudos, e tocou-lhes. Nesse mesmo momento, um grito ecoou da sua pele, um grito estridente e arrepiante. Outro miado. Olhou para os seus pés, e por baixo de si, numa câmara transparente, estava Toga na sua forma humana. Parecia falar, mas a única coisa que se ouvia eram miados ocasionais.
"-Não te preocupes, vou tirar-te daí!". Procurou algo pontiagudo que pudesse partir aquele vidro cinzento e duro. Puxou um dos ferros com a mão direita, e do seu braço saiu novo grito, desta vez mais estridente, mas Catarina ignorou-o. Não tinha medo de gritos. Bateu com o ferro uma, duas, três vezes. O vidro começou a estalar. Toga fez-lhe sinal que se afastasse, e ao mesmo tempo começou a brilhar. Assim que a viu recuar, Toga lançou milhares de pêlos-agulha que anteriormente não haviam tido efeito, mas que agora partiam o vidro que o aprisionava. Saltou para fora, e assim que aterrou, eriçou-se. Não estavam sós.
"-Põe-te atrás de mim, temos companhia. Não largues esse ferro!"
Catarina obedeceu, e começou a ouvir um barulho de asas ao longe. Esperaram. O ruído parecia aproximar-se deles a alta velocidade. De repente, nada. E depois, vindo não se sabe de onde, algo caiu perto deles e explodiu. Toga caiu com Catarina nos seus braços, desviou-a de si e saltou para a luta. Catarina demorou a perceber que estavam a ser atacados por estranhos animais parecidos com cães, mas não o eram. Toga defendia-se de todos eles, e Catarina sentiu que devia ajudar. Concentrou-se, materializando pequenas névoas ao redor de Toga, e gritou-lhe que os atirasse contra elas. Ele assim fez, e assim que tocavam nas pequanas fumaças, desapareciam antes de as atravessar, como se tivessem caído num buraco. Com o ultimo "cão" a ser lançado e a desaparecer, seguiu-se um breve momento em que se sentiram seguros. Quebrando esse momento, o Sombra dos olhos estrelados sobrevoava aquela espécie de gruta, parando no topo das escadas. Catarina e Toga prepararam-se para o confronto, mas o Sombra limitou-se a observá-los. Foi então que Catarina teve uma ideia: assim que ele os atacasse, ela lançar-lhe-ia uma névoa que o transportaria para outro sonho. Toga não resistiu à pressão e lançou-lhe pêlos-agulha; o Sombra reagiu e saltou, e Catarina chamou a névoa, que o envolveu. Sentindo-se vitoriosa por alguns segundos, baixou a guarda. A névoa desapareceu e no lugar do Sombra estava um corpo humano, que caiu com estrondo no chão de pedra, perto da entrada pela qual ela passara antes de chegar aos degraus. Sustendo a respiração, Catarina deu dois passos na direcção da escadaria. Toga mantinha-se em alerta, preparado para pôr os seus reflexos a trabalhar.
O corpo levantou-se antes que Catarina começasse a subir os degraus, e ficou hirto. Estava nú, mas imperceptível. Começou a descer as escadas a alta velocidade em direcção a eles, e no momento em que alcançava Catarina, um brilho colorido atingiu o corpo na cara, atirando-o contra a parede. Guilherme estava ali, com as suas luvas preciosas, ar de guerreiro, a alma de um Deus. Toga saltou e equilibrou-se numa viga da parede; o efeito surpresa deveria ajudá-los de alguma forma, e o corpo não tinha cara, o que lhe deu a sensação que ele não os via, apenas sentia as suas presenças.
O corpo começou a mover-se e a levantar-se. Catarina e Guilherme recuaram, e Toga eriçou o pêlo, pronto para atacar.
Um copo partiu-se, e Catarina acordou.

2 comentários:

  1. hoje só posso dizer algo k já ando p dizer há muito tempo lolol a história segue sempre uma linha mto séria, mesmo com um certo rigor metódico mas há sempre um momento em k me parto a rir eheheh hoje foi : "-Põe-te atrás de mim, temos companhia. Não largues esse ferro!"

    lololol ha um lado dramático k me parte todo assim mto teatral loloolol nao sei bem explicar eheheh será k é só a mim k me da vontade de rir?!!! é k nao creio mesmo k seja escrito com essa intenção mas que alivia a história alivia e MUITO LOLOLOLOLOLLLOL

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  2. Este dá-me arrepios Oo
    Mas gosto :b Odeio a tua escrita **.

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